Polícia Federal está no Palácio do Planalto para ouvir depoimentos de ministros de Jair Bolsonaro

Generais Augusto Heleno, Luiz Eduardo Ramos e Braga Netto testemunham no inquérito que apura possível interferência na Polícia Federal pelo presidente Bolsonaro.

Generais Augusto Heleno, Luiz Eduardo Ramos e Braga Netto testemunham no inquérito que apura possível interferência do Presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal.

Delegados da Polícia Federal chegaram há pouco no Palácio do Planalto para colher o depoimento dos ministros Augusto Heleno, Luiz Eduardo Ramos e Braga Netto no inquérito que apura suposta interferência de Jair Bolsonaro na própria Polícia Federal. A oitiva, autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello, ocorre um dia após ter sido ouvido, no mesmo inquérito, também como testemunha, o delegado federal Maurício Valeixo e no mesmo dia em que o vídeo com a gravação da reunião entre Bolsonaro e Sérgio Moro, que ensejou a investigação, foi exibido na sede da PF em Brasília.

Entenda a investigação da Polícia Federal

No dia 24 de abril, o então ministro Sérgio Moro anunciou sua demissão do Ministério da Justiça. Na coletiva de imprensa, Moro elencou as razões pelas quais teria tomado a decisão, entre elas, citou o fato de que, numa reunião entre Bolsonaro e vários ministros de Estado teria recibo pressão para mudanças nos quadros da Polícia Federal, entre eles, a demissão do então diretor-geral do órgão, o delegado Mauricío Valeixo e algumas superintendências estaduais. O fato ficou caracterziado como uma possível interferência do presidente da República na instituição.

Polícia Federal vai ao Palácio do Planalto para colher depoimentos de ministros de confiança de Bolsonaro.
Reunião de 22 de abril cujo vídeo com a gravação integral foi exibido hoje na sede da PF em Brasília | Foto Marcos Corrêa/PR

O Procurador-geral da República Augusto Aras, após as declarações de Sérgio Moro, pediu então a abertura de um inquérito no Supremo Tribunal Federal para apurar as declarações, vistas como denúncias pela PGR e que, infundadas, restariam como denunciação caluniosa do ex-ministro contra o presidente de República – fundadas, estariam caracterizados diversos crimes cometidos pelo presidente.

Celso de Mello, ministro do Supremo Tribunal Federal, então relator designado, acatou o pedido de Aras e determinou a outiva de Sérgio Moro, que ocorreu no último dia 2 de maio. No depoimento, Moro negou ter feito denúncias contra o presidente e que caberia as autoridades competentes determinar se os fatos narrados eram crimes ou não. Sérgio Moro indicou várias situações para serem averiguadas, entre elas, a gravação de uma reunião entre o presidente da República e alguns ministros ocorrida no dia 22 de abril – que para ele – seria uma prova da pressão exercida por Bolsonaro na Polícia Federal.

O STF determinou ainda que fosse ouvido Maurício Valeixo, o ex-diretor geral cujo cargo fora objetivo de disputa entre Moro e Bolsonaro, e os ministros indicados por Sérgio Moro em seu depoimento. Augusto Heleno, do GSI, Eduardo Ramos, Luiz Eduardo Ramos ministro-chefe da Secretaria de Governo e Braga Netto, ministro-chefe da Casa Civil.

Exibição do vídeo da reunião de Bolsonaro com Moro atrasa chegada de delegados da PF ao Palácio do Planalto

Por determinação do ministro Celso de Mello, após algumas tentativas da Advogacia Geral da União (AGU) de impedir a entrega do vídeo da reunião, o material chegou na semana passada à sede da Polícia Federal. Sua exibição foi marcada para hoje com a presença de Sérgio Moro e seus advogados, além de membros da Procuradoria Geral da República e da AGU. Por isso, o depoimento dos ministros Heleno, Ramos e Braga Netto que estavam marcados para as 15h atrasou em cerca de uma hora. Somente às 16h os delegados da Polícia Federal chegaram ao Palácio do Planalto.

O que a imprensa diz sobre o conteúdo do vídeo da reunião entre Moro e Bolsonaro

Vários portais de notícias já especularam sobre o conteúdo da vídeo da reunião entregue à Polícia Federal como prova no inquérito que investiga susposta interferência de Bolsonaro no órgão. De xingamentos a ministros do STF proferidos pelo ministro da Educação Abraham Weintraub, a declarações inapropriadas sobre a China – o que prejudicaria as relações internas, até possível declaração direta de Bolsonaro sobre a Polícia Federal.

O site ‘O Antagonista‘ publicou nesta terça-feira (11) uma nota com o título ‘O vídeo devastador’. Segundo o site, Bolsonaro teria associado na reunião citada por Moro a troca do superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro à necessidade de proteger sua família, dizendo que ela está sendo perseguida. E teria, em seguida, acrescentado que, se não pudesse trocar o superintendente, trocaria o diretor-geral da PF e o então ministros Sérgio Moro.

Quem são Augusto Heleno, Luiz Eduardo Ramos e Braga Netto

Os três ministros ouvidos hoje pela Polícia Federal têm em comum, além de serem ministros do Governo Bolsonaro em pastas importantes e de confiança do presidente da República, o fato de serem militares do Exército brasileiro.

General Augusto Heleno

Ministro do Gabinete de Segurança Instituicional da Presidência da República. General-de-exército da reserva do Exército Brasileiro. Foi comandante militar da Amazônia e Chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia. Graduou-se aspirante-a-oficial de cavalaria na Academia Militar das Agulhas Negras em 1969.

General Braga Netto

Ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República. Praça desde 17 de fevereiro de 1975. Ingressou na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) e em 14 de dezembro de 1978 foi declarado Aspirante-a-Oficial da Arma de Cavalaria. Foi promovido a 2º Tenente em 31 de agosto de 1979, a 1º Tenente em 25 de dezembro de 1980 e a Capitão em 25 de dezembro de 1984.Promovido a general de brigada em novembro de 2009.

General Luiz Eduardo Ramos

Ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República. Ingressou na carreira militar em 1973. Declarado aspirante a oficial em 1979 na Academia Militar das Agulhas Negras. Promovido a 2.º tenente em 1980, a 1.º tenente 1981 e  capitão em 25 de dezembro de 1985. Foi promovido a tenente-coronel em 1997. Chegou a General de Brigada em 31 de março de 2010.

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