No último final de semana os presidentes dos diretórios estadual e municipal do PT se reuniram para decidir que não será mais através do voto interno que o partido vai escolher o candidato que disputará a Prefeitura de Teresina pela sigla. João de Deus e Cícero Magalhães posaram para uma foto ao lado de Regina Sousa e os deputados estaduais Franzé Silva e Fábio Novo, que disputam a vaga.

Apesar de ausentes no registro, a decisão não aconteceria sem a influência do governador Rafael Fonteles (PT) e do ministro Wellington Dias. O voto dos membros do diretório foi substituído por um consenso que será traduzido na análise de pesquisas eleitorais que devem apontar qual dos dois, Fábio ou Franzé, disputa pelo a Prefeitura de Teresina.

O acordo, que pareceu encerrar a disputa, foi selado com um sorriso dos cinco participantes da reunião na fotografia divulgada à imprensa.

Na véspera da reunião, a imprensa do Piauí recebeu uma pesquisa altamente desfavorável para o presidente da Assembleia Legislativa. Intenção de voto baixa e rejeição alta, apontava o DataMax. Ninguém sabe quem contratou o instituto, mas é previsível saber a intenção na divulgação estratégia dos dados na véspera do encontro: enterrar de vez as pretensões de Franzé Silva.

Encontro entre presidentes dos diretórios estadual e municicpal do PT selou o acordo para que não houvesse eleição para a escolha do pré-candidato
Mudaram a regra: sem poder mostrar os votos no diretório, Franzé Silva perde força

O acordo de Oeiras na disputa pela Prefeitura de Teresina

No Piauí, os políticos se referem a acordos desfavoráveis sob a alcunha de “acordo de Oeiras”, cuja máxima não cabe ser repetida neste artigo, mas que o leitor, como bom piauiense, deve conhecer. Pois bem, para Franzé Silva, o fim da votação no PT para a escolha do candidato do partido foi um “acordo de Oeiras”.

Agora, sem a votação dentro do partido, Franzé está impedido de demonstrar sua força política. Sem tempo para crescer nas pesquisas, permanece atrás de Fábio Novo, que detém o recall de eleições passadas. Mesmo tendo reunido muitos partidos em torno de seu nome, Franzé Silva não decolou. E pode sair menor da disputa que nem chegou a acontecer.

Na prática, o presidente da Assembleia Legislativa sofreu uma derrota por WO – termo usado para definir uma vitória quando o adversário não vai competir.

É evidente que ele queria a eleição interna. Que força contrária a Franzé Silva que conseguiu interferir na decisão anunciada há meses de que a escolha do candidato seria por votação.

Mas Franzé não desistiu e continua sua caminhada, mesmo com as regras do jogo alterada em seu desfavor. Para poucos demonstra sua insatisfação. Mas demonstra.

Pesquisas eleitorais

“Definimos que teremos duas pesquisas qualitativas e três pesquisas quantitativas”, disse Franzé Silva à imprensa após o encontro no PT.

Só para definir quem será seu candidato, o PT deve investir algo próximo a R$ 150 mil reais em sondadens de opinião – caso sejam institutos locais. Se o partido decidir contratar empresas de fora, o valor pode chegar próximo a meio milhão de reais.

Como pesquisa é um retrato do momento, muito mais do que intenção de voto, elas precisam demonstrar o potencial de crescimento do candidato.

Uma fonte ouvida pela reportagem e ligada à Franzé Silva, que ouve alguns de seus desabafos, revelou que ele aposta num dado específico: Fábio Novo, está no teto de intenção de voto e não teria mais como crescer. “Daqui pra eleição tem muito tempo, se Franzé for o candidato, ele cresce”, afirmou a fonte.

O recado de Franzé foi claro, se é pesquisa que querem, pesquisa vão ter.

Por que Franzé Silva é rejeitado pelo eleitorado

Segundo a última pesquisa do DataMax publicada no último dia cinco de agosto, Fábio Novo está num cenário relativamente equilibrado. Entre os entrevistados, 22,4% expressaram uma rejeição clara, afirmando que não o escolheriam de forma alguma, porém, outros 33,5% consideram a possibilidade de votar nele. Os decididos a votar nele – firmeza do voto – representam 22%. Os indecisos, composto por pessoas que não souberam responder ou preferiram não opinar, ficou em 20,1%.

Franzé Silva encara um desafio maior quanto à rejeição. Uma parcela significativa, 43,2% dos entrevistados do DataMax descartou a possibilidade de votar nele. Outros 22,6% ainda consideram a possibilidade. Apenas 9,3% estão firmes na decisão de apoiá-lo, enquanto Já o grupo indeciso, aqueles que não souberam responder ou optaram por não expressar opinião, somaram 24,9%.

As estratégias dos candidatos se desdobram a partir de informaçõe como essas.

Ninguém vota em quem não conhece

Esses números indicam uma trajetória mais complexa para Franzé Silva, dada a rejeição mais alta em comparação com seu concorrente. Porém, há uma rejeição pelo desconhecimento, muito comum em pesquisas eleitorais e isso precisa ser interpretado por dados.

Segundo informações, Franzé Silva aposta na qualitativa para reveter sua derrota na eleição. Com a polarização da política brasileira entre direita e esquerda, progressitas e conservadores, o presidente da Assembleia Legislativa tem buscado ir além dos redutos da esquerda. Uma prova disso é o apoio de Gessy Lima, candidata que despontou na eleição de 2020 na disputa pela Prefeitura de Teresina, com um perfil evangélico e conservador.

A fonte lembrou à reportagem que, por critério de pesquisa, Rafael Fonteles não teria sido escolhido o candidato a governador do PT em 2022. Acabou sendo eleito e hoje é o governador com mais alto índice de aprovação dentre os pares no Nordeste.

Rafael Fonteles é a chama que pode transformar a candidatura de Franzé Silva em cinzas

O certo é que somente um milagre pode salvar a pré-candidatura de Franzé Silva. Mas em política, não existem santos. Mas milagres acontecem.

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