Piauiense recebe medalha olímpica de Sydney depois de 20 anos

Na manhã deste domingo (13), chegou cedo à pista do Centro Olímpico, pouco depois das 9h, e acomodou-se na arquibancada enquanto esperava pela solenidade que o tornaria um medalhista olímpico de fato. Enquanto acompanhava as provas e se preparava para seu grande momento, repassou imagens daquele dia em Sydney e da espera por anos e anos.

Parte da história, fora da história
Naquela final do 4x100m de Sydney 2000, o Brasil, com Vicente, Edson, André e Claudinei, cravou o tempo de 37s90 conquistou a medalha de prata, atrás dos Estados Unidos (37s61) e logo à frente de Cuba (38s04). Mesmo sendo reserva e tendo corrido apenas a eliminatória da prova, no dia anterior Cláudio teria direito à medalha. Só não foi ao pódio naquele momento porque o protocolo restringe a cerimônia aos quatro atletas que correm a final.

E Cláudio esperou. Exatos 7.379 dias, cujo final feliz ocorreu neste domingo, em São Paulo.

Voltemos àquela noite de 2000. Quando o quarteto brasileiro do 4x100m subiu ao pódio para receber as medalhas de prata nas Olimpíadas de Sydney, Cláudio foi informado de que ganharia a dele “nos bastidores”. Porém, como a equipe partiria de volta para o Brasil no dia seguinte para comemorações e homenagens, o piauiense acabou avisado por autoridades da delegação do país que deveria receber a distinção em solo nacional.

O velocista chegou ao país, participou de festejos em carro aberto e solenidades, ganhou reconhecimento. Foi incluído em um programa da Caixa Econômica Federal, empresa que patrocina o atletismo brasileiro, chamado “Heróis Olímpicos”. Seu nome passou a constar da relação de medalhistas nos sites oficiais do COI (Comitê Olímpico Internacional) e do COB (Comitê Olímpico do Brasil).

A medalha, porém, jamais chegou às suas mãos
Após meses da volta das Olimpíadas e sem receber informações Cláudio procurou o COB, à época presidido por Carlos Arthur Nuzman. A entidade lhe disse que a medalha não havia sido pega em Sydney e que havia indagado o COI, que por sua vez teria afirmado que a responsabilidade de prover as medalhas era do comitê organizador dos Jogos Olímpicos de Sydney.

Pacato, o velocista aceitou a guerra de versões e esperou pela medalha, que nunca veio. Nos anos seguintes, ele fez parte dos revezamentos 4x100m medalhista de prata no Mundial de Paris e de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, ambos em 2003.

Naquele Pan de 2003, já quase três anos depois das Olimpíadas de Sydney, um dirigente do COB aproximou-se e entregou a Cláudio um pin (broche) – destinado aos medalhistas olímpicos. Disse que era uma maneira de o COI reparar a injustiça.

O velocista aceitou o prêmio com resignação. Quando era chamado para palestras, geralmente levava o pin olímpico e medalhas de outros campeonatos que disputou para mostrar no lugar da olímpica que não tinha. Cláudio ainda disputou os Jogos Olímpicos de 2004, em Atenas, e se aposentou das pistas quatro anos depois, em 2008.

Onze anos depois, o assunto veio à tona novamente. O vice-presidente da atual gestão do COB, Marco Antônio La Porta, soube da história ao se encontrar com Cláudio em um evento em Teresina – para onde o ex-velocista se mudou em 2018. Levou o tema ao diretor de esporte do comitê olímpico, Jorge Bichara, que, egresso do atletismo, achou que era hora de ressuscitar a história.

Fonte: globo.com
Foto: Reprodução

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