Ministro Ricardo Lewandowski se aposenta do STF

O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, se aposenta nesta terça-feira (11) após 17 anos de atuação na instituição. Lewandowski não titubeia ao eleger o julgamento do mensalão como o momento mais difícil  na Corte.

— Como revisor do processo, defendi, com vigor, a minha perspectiva sobre os direitos dos acusados, embora quase sempre vencido, enfrentando uma opinião pública e publicada extremamente adversa — afirmou

Dono de posicionamentos progressistas, Lewandowski ganhou o rótulo de garantista por defender, por exemplo, que condenados possam recorrer em liberdade até o último recurso judicial. Foi ele quem, em 2018, concedeu um habeas corpus coletivo para todas as mulheres presas grávidas e mães de crianças com até 12 anos de idade.

— Espero ter deixado uma visão mais garantista quanto aos direitos dos acusados nos processos criminais e mais generosa no concernente aos direitos das pessoas social e economicamente menos favorecidas — resume Lewandowski.

A exemplo das ressalvas a seu possível substituto, o advogado de Lula, Cristiano Zanin, a indicação de Lewandowski para a Corte, a primeira após o mensalão, foi criticada na época por sua proximidade com setores do PT e sua relação pessoal com a então primeira-dama, Marisa Letícia. A segunda mulher de Lula, morta em 2017, era amiga da mãe do ministro, Karolina.

A sugestão do nome, contudo, partiu do ex-ministro da Justiça e oráculo do mundo jurídico nas administrações petistas Márcio Thomaz Bastos. Antes de chegar ao Supremo, Lewandowski integrou o extinto Tribunal de Alçada de São Paulo e foi desembargador do Tribunal de Justiça paulista. Entre 1984 e 1988, foi secretário de Governo e Assuntos Jurídicos em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, berço político de Lula.

Na porta de seu gabinete, localizado no terceiro andar do edifício que abriga as salas dos ministros, ele deixa uma placa de acrílico onde se lê “juiz Enrique Ricardo Lewandowski” para dar as boas-vindas a quem chega. É um lembrete, nas palavras de quem conhece o ministro, “para as pessoas saberem de onde ele veio, mas pra ele também não esquecer da sua origem”.

Na sala que ocupou ao longo dos 17 anos, com a exceção dos dois anos da presidência, livros de arte e de direito, filosofia e ciência política ladeiam fotografias e presentes, medalhas e honrarias que a ele foram concedidas. Em uma mesa lateral, uma foto em primeiro plano exibe um jovem Lewandowski ao lado de Lula, ainda nos anos 1980. Ambos de cabelos pretos e bigode. No mesmo móvel também repousa um retrato do ministro, muito católico, e sua esposa, Iara, cumprimentando o papa Bento XVI.

Fonte: globo.com
Foto: Nelson Jr./STF

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