Se a primeira vitória de Ayrton Senna no GP do Brasil foi mais do que aguardada, a segunda conquista, que viria dois anos depois, em 1993, e completa 27 anos neste sábado, certamente foi uma das mais inesperadas da carreira do brasileiro, já tricampeão àquela altura. Muita coisa, afinal, tinha acontecido em dois anos: a antes dominante McLaren tinha perdido terreno na luta tecnológica com a Williams, e perdera, também, o forte motor Honda.

Em crise com a equipe, Senna começou aquele ano de 1993 fechando contratos prova a prova com a McLaren, descontente com a falta de potência do motor Ford e com a incapacidade da equipe responder rapidamente à suspensão ativa e outros componentes eletrônicos que tornavam o carro da Williams muito mais estável e que já tinham ajudado Nigel Mansell a conquistar o título mundial de 1992 com sobras. Em 1993, o cenário era ainda pior: o grande rival de Senna, Alain Prost, tinha voltado de um ano sabático justamente para ocupar a vaga de Mansell. E muito provavelmente levar o tetra com facilidade e ultrapassar o brasileiro em número de títulos.

O GP do Brasil seria a segunda etapa do campeonato, e Senna chegara a São Paulo com a expectativa de sofrer com a falta de potência do motor Ford na longa zona de aceleração da Curva do Café até o S do Senna. Isso se confirmou na classificação: Prost fez a pole e seu companheiro de Williams, Damon Hill foi o segundo. Senna se classificou apenas em terceiro a 1s831 da pole position.

O brasileiro largou bem e pulou para segundo, mas não conseguia andar nem perto do ritmo de Prost. Na 11ª volta, voltou ao terceiro lugar depois de ser ultrapassado por Hill. Para piorar, foi punido por ultrapassar o retardatário Eric Comas sob bandeira amarela e perdeu ainda mais terreno.

Sua única esperança era a chuva. E ela veio numa daquelas pancadas típicas de março, na 27ª volta. Senna logo parou para trocar de pneus, enquanto a Williams titubeava. Três voltas depois, para delírio da torcida, Prost foi reto no S do Senna, e ainda bateu na Minardi de Christian Fittipaldi, que tinha perdido o controle do carro pouco antes.

Com vários pilotos escapando e Aguri Suzuki batendo mais forte, o Safety Car entrou na pista e Senna recuperou todo o tempo perdido em relação ao líder Hill. Com a chuva parando, o brasileiro arriscou colocar os pneus de pista seca na volta 40, com 31 para o fim. Hill o copiou na volta seguinte, mas ainda estava com os pneus frios quando Senna o atacou, ultrapassou, e abriu.

Mas ainda havia tempo para mais drama: o motor Ford passou a ter um problema de pressão de óleo e Senna teve de diminuir o ritmo, mas ainda assim venceu com 16s de vantagem para Hill, com um jovem Michael Schumacher em terceiro. O motor acabou apagando logo depois, Senna parou na reta oposta e viu seu carro cercado pelos torcedores, que invadiram a pista.

Essa, claro é a imagem mais icônica daquele GP Brasil de 1993, mas há outro momento que se tornou marcante: ninguém menos que Juan Manuel Fangio, que na época era o detentor do maior número de títulos na história – cinco – entregou o troféu pela vitória e posou para uma foto que entraria para a história, ao lado de Senna e Schumacher

Na época, o alemão tinha 24 anos e nenhum título mundial. Senna morreria em 94, Fangio no ano seguinte, e Schumacher se tornaria o primeiro a superar o argentino em número de títulos e se tornaria heptacampeão do mundo.

A vitória no Brasil foi a primeira de cinco conquistas de Senna naquela temporada, que é tida por muitos como a mais forte da carreira do brasileiro, que terminou o ano com o vice-campeonato mesmo com um carro bastante inferior à Williams do campeão Alain Prost.

Fonte: Folhapress
Imagem: Jorge Araújo/Folhapress

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