COP27 inicia com discussão crítica sobre mudança climática, afirma Werton Costa

O climatologista Werton Costa afirmou nesta terça-feira (7) que a COP27, que iniciou no último dia 6 e encerra no dia 18, em Sharm El Sheikh, no Egito, ocorre diante de um clima de pressão pelo cumprimento de metas mais duras para minimizar os impactos da emergência climática.

“O último relatório do IPCC deixou claro que cenários de eventos extremos poderão ocorrer com maior frequência e intensidade afetando principalmente os mais vulneráveis. É momento de unidade de esforços e de atuarmos genuinamente como uma espécie, buscando construir solidariamente a resiliência global”, destaca Werton Costa.

Terceiro dia da COP27
O terceiro dia da COP27, a 27ª Conferência do Clima da ONU, começou com discursos fortes de Gaston Browne, primeiro-ministro de Antígua e Barbuda, e Macky Sall, presidente do Senegal.

Em sua fala, Browne, que fala em nome da Aliança dos Pequenos Estados Insulares, destacou o tema do financiamento climático, alertando para o fato de que os US$ 100 bilhões prometidos até 2020 ainda não são uma realidade. “Lutaremos incansavelmente pela justiça climática”, inclusive nos tribunais internacionais, disse ele.

Browne falou, ainda, que as pequenas nações insulares querem que as grandes petrolíferas paguem pelos danos crescentes da elevação do nível do mar e das mudanças climáticas, causadas pelo aumento do estoque de carbono na atmosfera. “A indústria de petróleo e gás continua a ganhar quase US$ 3 bilhões diariamente em lucros. Já é hora de essas empresas pagarem um imposto global de carbono sobre seus lucros como fonte de financiamento para perdas e danos. Produtores perdulários de combustíveis fósseis se beneficiaram de lucros extorsivos às custas da civilização humana. Enquanto eles estão lucrando, o planeta está queimando”, afirmou.

O presidente senegalês discorreu sobre a necessidade de “uma transição energética justa” para a África, ecoando as palavras de Mia Mottley, a primeira-ministra de Barbados, que disse ontem que os Estados menos desenvolvidos estão sendo “duplamente punidos”: uma vez pelo colonialismo que sustentou a revolução industrial e, agora, pelos impactos das emissões de carbono que ela causou. Segundo ele, as nações africanas mais pobres devem resistir aos apelos por uma mudança imediata dos combustíveis fósseis, que poderiam impulsionar o crescimento econômico nestes países, e precisam de recursos externos para adaptação. “Sejamos claros: somos a favor da redução das emissões de gases de efeito estufa. Mas nós, africanos, não podemos aceitar que nossos interesses vitais sejam ignorados”, disse.

Emmerson Dambudzo Mnangagwa, presidente do Zimbábue, falou sobre a necessidade de unidade africana na COP27 em um momento em que há desacordos entre os países do continente sobre o desenvolvimento de novos campos de petróleo e gás. “Devemos falar a uma só voz [e] agir como um bloco de vítimas do clima. Só então é provável ganhar o dia e garantir um planeta saudável para as gerações presentes e futuras.”

Assoumani Azali, presidente de Comores, um arquipélago na costa africana, citou uma fala do presidente francês Jacques Chirac, de 2002: “Nossa casa está pegando fogo e estamos olhando para outro lugar”. Vinte anos depois, esse alerta ainda é relevante, disse Azali.

Da Redação

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