Ciro Nogueira fica no governo, mas ao menos 8 ministros saem para eleição

O ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), pretende continuar no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) até o fim do ano, mas ao menos oito dos 23 ministros devem sair para se candidatar a cargos públicos nas eleições de outubro.

Em 8 de janeiro, o presidente Bolsonaro chegou a citar que alguns de seus ministros devem deixar os cargos nos próximos meses para concorrer no pleito. O prazo de desincompatibilização é abril.

“Gostaria que eles saíssem somente um dia antes do limite máximo, para não termos qualquer problema. Já começamos a pensar em nomes para substituí-los, e alguns já estão mais que certo. A maioria será por escolha interna, até mesmo porque seria um mandato tampão até o fim do ano”, afirmou o presidente.

Articulações no PP
Antes cotado para disputar o governo do estado do Piauí, Ciro Nogueira não deve concorrer a um cargo eletivo neste ano, segundo apurou a reportagem.

O cacique do Partido Progressista planeja permanecer na função até o fim da gestão Bolsonaro para fortalecer as articulações da sigla, que é uma das principais do centrão, nas eleições deste ano.

A intenção é formar uma bancada maior ainda de parlamentares do PP no Congresso Nacional em 2023. Atualmente, o partido é o quarto em número de deputados na Câmara (com 42, perdendo apenas para o PL, com 43, PT, que tem 53, e o PSL, com 55). No Senado, tem sete parlamentares.

Ciro Nogueira vive um momento favorável hoje na Casa Civil. Além de atuar na coordenação de ministérios e na articulação política do Planalto com o Congresso, ele conseguiu mais espaço na gestão do orçamento, com uma perda de poder do ministro da Economia, Paulo Guedes.

No Planalto, a medida é apontada como fundamental para que a ala política fique a par das decisões orçamentárias tomadas pela ala econômica. O objetivo, segundo um assessor palaciano, é diminuir ruídos e divergências entre medidas adotadas por Guedes e os desejos dos políticos, que incluem o Congresso e a base aliada do governo.

Apesar de já fazer parte da Junta de Execução Orçamentária, agora o ministro-chefe da Casa Civil terá uma prerrogativa de dar ou não aval na distribuição dos recursos orçamentários. Com isso, ele terá também mais poder sobre as execuções de emendas parlamentares, incluindo as do chamado “orçamento secreto”, que têm sido usadas como forma de o governo conseguir apoio no Parlamento.

Outro ponto que pesa a favor da permanência de Ciro Nogueira no cargo é que ele ainda tem mais quatro anos de mandato no Senado após as eleições. Então, se Bolsonaro não conseguir se reeleger ou se ele não continuar mais no governo no ano que vem como ministro, poderá voltar ao Senado.

No Piauí, a deputada federal e ex-mulher do ministro, Iracema Portella, deve integrar a chapa ao governo do estado. Ainda não está definido, porém, se ela vai disputar como candidata a governadora ou a vice, informou um aliado próximo.

A ministra-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, Flávia Arruda – Marcello Casal Jr/Agência Brasil – Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Ministra criticada pelo centrão deve sair
Alvo de fritura de parlamentares do centrão por supostamente prometer mais valores em emendas do que consegue cumprir, a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, tirou um recesso e deve voltar a despachar efetivamente no dia 24 de janeiro.

Mais tarde, deve se afastar do governo para concorrer a uma vaga no Senado pelo Distrito Federal. Atualmente, ela é deputada federal licenciada.

Flávia Arruda é casada com o ex-governador do DF José Roberto Arruda, afastado da função após ter seu nome envolvido na Operação Caixa de Pandora.

Poderoso no PL, atual partido do presidente Jair Bolsonaro, Arruda exerce forte influência no governo de Brasília, comandado pelo advogado Ibaneis Rocha (MDB).

Inicialmente, Flávia cogitou concorrer ao governo do Distrito Federal. Há um acordo, porém, entre a família Arruda e Ibaneis para que ela apoie a tentativa de reeleição do emedebista.

Ainda assim, nos bastidores, José Roberto Arruda vem conversando com inimigos políticos do atual governador, o que tem elevado a incerteza desse apoio incondicional por integrantes da cúpula do governo do Distrito Federal.

Quem deve sair do governo
Até o momento, ao menos oito ministros devem sair do governo para tentar se eleger em outubro. Veja quais são e os possíveis cargos aos quais concorrerão:

Tarcísio de Freitas, ministro da Infraestrutura: governador de São Paulo;
Onyx Lorenzoni, ministro do Trabalho e Previdência: governador do Rio Grande do Sul;
João Roma, ministro da Cidadania: governador da Bahia;
Rogério Marinho, ministro do Desenvolvimento Regional: senador pelo Rio Grande do Norte;
Fábio Faria, ministro das Comunicações: senador pelo Rio Grande do Norte;
Tereza Cristina, ministra da Agricultura: senadora pelo Mato Grosso do Sul;
Flávia Arruda, ministra da Secretaria de Governo: senadora pelo Distrito Federal;
Gilson Machado, ministro do Turismo: senador, deputado federal ou governador de Pernambuco.
Cenário mais indefinido
Alguns ministros estão com o cenário mais indefinido. Alguns avaliam para quais cargos teriam chances, enquanto outros ainda decidem o que querem fazer. São eles:

Marcelo Queiroga, ministro da Saúde;
Anderson Torres, ministro da Justiça;
Damares Alves, ministra dos Direitos Humanos;
Milton Ribeiro, ministro da Educação;
Joaquim Leite, ministro do Meio Ambiente;
Marcos Pontes, ministro da Ciência e Tecnologia.

Quem deve ficar
Os seguintes ministros, em princípio, não devem sair para concorrer a cargos públicos nas eleições de outubro devido a preferências pessoais/profissionais:

Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil;
Paulo Guedes, ministro da Economia;
Carlos Alberto França, ministro das Relações Exteriores;
Walter Braga Netto, ministro da Defesa (embora cotado a vice de Bolsonaro na tentativa de reeleição);
Bento Albuquerque, ministro de Minas e Energia;
Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria-Geral da Presidência;
Wagner Rosário, ministro da Controladoria-Geral da União;
Bruno Bianco, advogado-geral da União.

Fonte: Folhapress

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