O Catar queria transformar a abertura da Copa em espetáculo. Prometeu show olímpico e teve até horários e data de estreia modificados para atender aos ensejos de país anfitrião. No estádio Al Bayt, neste domingo, a cerimônia de 30 minutos contou com projeções, show pirotécnico, e as participações de Morgan Freeman e do influencer catari Ghanim Al Muftah.
As movimentações começaram com a apresentação do Emir do Catar, Tamim bin Hamad, ao lado do presidente da Fifa, Gianni Infantino. Em seguida, o campeão da Copa de 1998, Marcel Desailly – zagueiro da França – apareceu em campo carregando a taça do Mundial.
Após a contagem regressiva, exibiu-se um vídeo com imagens do Catar e de um tubarão baleia, “nadando” em direção ao estádio, sob a inconfundível narração de Morgan Freeman.
– Dessa terra ouvimos um chamado para o mundo, para reconectar, para retornar apenas por um momento para o que nos agrupa, para o que nos junta nessa jornada do leste para o oeste. Nós nos movemos juntos buscando um objetivo – disse na narração.
Sob as luzes apagadas no estádio, três camelos estiveram ao centro do campo, sendo os primeiros animais vivos a participarem do evento. Ao lado dos camelos, havia também mulheres cataris, viajantes e tratadores.
Morgan Freeman, antes apenas na narração em áudio, apareceu ao centro do campo. Ao lado do ator americano, entrou também o influencer catari Ghanim Al Muftah, que tem síndrome de regressão caudal – uma má formação rara que interfere no desenvolvimento das extremidades inferiores.
“Ouvia algo lindo. Não apenas música, mas também o chamado para celebrar tudo que ouvi. Uma terra que vivia em turbulência com famílias esquecidas. Eu parei para ouvir essa voz”, disse Freeman.
Assim inicia-se o diálogo entre Morgan Freeman e Ghanim Al Muftah: sob a temática de inclusão e diversidade. Trata-se justamente da questão central para as críticas ao país sede, diante das leis anti-LGBTQIA+ ainda em vigor no Catar. A Lei Sharia, por exemplo, permite a imposição de pena de morte para homossexuais no país.
– Não tenho certeza. Sou bem-vindo? – pergunta Ghanim.
– Todos são bem-vindos. Esse é um convite para todo o mundo – responde Freeman.
Freeman e Ghanim saem de cena para a entrada de 100 artistas com bastões de led, que interagiram com as projeções no campo, ao som dos “cantos da nação”. Em seguida, as 32 bandeiras e camisas das seleções foram mostradas no gramado, ao redor do símbolo desta Copa.
Nas músicas, ouvia-se uma mistura relembrando as criações que foram tema de outras Copas do Mundo – como The Cup of Life, cantada por Rick Martin, em 1998, na França, além da emblemática Waka Waka, de Shakira, na Copa da África de 2010. A cantora, inclusive, recusou o convite para comparecer ao evento.
No palco, foi a vez das atrações musicais, que foram mantidas em sigilo e divulgadas apenas às vésperas da abertura, no último sábado. Apresentaram-se com a música “The Dreamers” o cantor Jung Kook, da banda sul-coreana de K-Pop BTS, e o cantor catari Fahad Al Kubaisi – embaixador oficial desta Copa. Ao fim da apresentação, Morgan Freeman voltou ao centro do campo para discursar:
– Estamos construindo uma história incrível, em uma terra especial.
No último ato da cerimônia, o Emir Tamim bin Hamad al-Thani apareceu em cena mais uma vez para fazer o discurso de abertura.
![](https://diariopiaui.com/wp-content/uploads/2022/11/mascote-Copa-do-Mundo-Catar.jpeg)
Em meio às críticas ao país, as palavras do homem forte do Catar tangenciaram questões de direitos humanos. Desde que foi escolhido como sede para 2022, há desaprovações de outras seleções e federações sobre a condução do Catar sobre questões como respeito às mulheres, pessoas LGBTQIA+ e migrantes que trabalharam para o evento.
“Recebemos a todos de braços abertos na Copa do Mundo 2022. Nós trabalhamos e fizemos muitos esforços para garantir o sucesso desta edição.”
– Investimos para o bem de toda a humanidade. Durante 28 dias, vamos acompanhar essa festa de futebol nesse espaço de diálogo e civilização. As pessoas, por mais que sejam de culturas, nacionalidades e orientações diferentes, vão se reunir aqui no Catar. Que beleza juntar todas essas diferenças. Desejo a todas as seleções muito sucesso. Para todos vocês meus desejos de felicidades. Bem-vindos a Doha – finalizou.
A cerimônia terminou com uma última entrada do mascote La’eeb, que começou como uma projeção e terminou sobrevoando o estádio, logo antes de um show pirotécnico e o acender das luzes no Al Bayt.
![](https://diariopiaui.com/wp-content/uploads/2022/11/Copa-do-Mundo-Catar-.jpeg)
Fonte: globo.com
Fotos: Divulgação