O ex-ministro da Saúde Nelson Teich afirmou na tarde de hoje, em depoimento à CPI da Covid que a estratégia defendida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre a “imunidade de rebanho” da covid-19 não deveria ser mantida.

Senadores do colegiado têm sustentado a hipótese de que Bolsonaro apostou na teoria da imunidade de rebanho e negligenciou medidas de enfrentamento da crise sanitária no país. O discurso de que a maioria dos brasileiros deveria se contaminar com a covid-19 foi repetido por Bolsonaro desde o início da pandemia como forma de contrapor as medidas de isolamento adotada nos estados e municípios.

O senador Humberto Costa (PT-PE) questionou se, na avaliação de Teich, o presidente Bolsonaro adotou a tese de que a maior transmissibilidade seria melhor para enfrentar a pandemia. O parlamentar citou um estudo da USP (Universidade de São Paulo) que aponta para os erros de estratégia do governo federal.

Teich disse que, para dar uma opinião sobre o estudo, deveria entender qual foi a metodologia utilizada, mas afirmou que, durante a sua gestão, a imunidade de rebanho não era uma questão discutida.

Ao depor ontem à CPI da Covid, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta afirmou ter a “impressão” de que o governo buscava a imunidade de rebanho como estratégia para vencer a pandemia.

“A impressão que eu tenho era que era alguma coisa nesse sentido, o principal convencimento, mas eu não posso afirmar, tem que perguntar a quem de direito”, afirmou o ex-ministro, que disse sempre ter se balizado pela ciência.

Ameaça contra restrições
Nesta quarta, Bolsonaro ameaçou editar um decreto contra as medidas restritivas adotadas por governadores e prefeitos para conter o avanço da covid-19.

O presidente disse que espera não precisar “baixar o decreto”, mas caso seja necessário, “ele será cumprido com todas as forças” que todos os ministros dele têm.

Medicamentos sem eficácia
Segundo ministro da pasta na gestão Bolsonaro, Teich deixou o cargo antes de completar um mês no cargo. Hoje ele afirmou que pediu demissão em razão da falta de autonomia e citou divergências quanto à insistência no uso da cloroquina no tratamento para pacientes.

O ex-gestor foi questionado em diversos momentos pelos senadores que compõem a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), a respeito da postura federal em recomendar medicamentos sem eficácia comprovada.

Na perspectiva de Teich, hoje é um “erro” continuar recomendando a medicação, após os efeitos não terem sido comprovados.

Ao ser questionado sobre ter havido ou não erro na recomendação durante a sua gestão na Saúde dos mesmos medicamentos, o ex-ministro apontou que na época, a OMS (Organização Mundial da Saúde) ainda não havia sido contrária ao uso.

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) perguntou se a recomendação da cloroquina seria uma posição exclusiva do presidente Jair Bolsonaro, ao que Teich respondeu:
“O presidente tem a posição dele de defender a cloroquina e ele mantém a posição dele”

Fonte: Folhapress

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