Rússia reage a sanções e tenta proteger o rublo; veja principais medidas até aqui

A invasão da Ucrânia iniciada na quinta-feira (24) pelo presidente russo Vladimir Putin provocou uma onda de sanções internacionais contra Moscou, especialmente por parte dos países ocidentais.

Lideradas pelo governo dos Estados Unidos e pela União Europeia (UE), as sanções procuram isolar a Rússia do mercado global, controlar de forma rigorosa a exportação e impactar diretamente o acesso do país à tecnologia de ponta.

As medidas provocaram nos últimos dias um tombo na cotação do rublo, a moeda russa; a debandada de investimentos estrangeiros; e uma corrida aos bancos, que já ameaça a liquidez e a solidez do sistema financeiro do país.

O governo local, por sua vez, tem tomado uma série de ações para tentar proteger a economia das sanções externas – com algum sucesso: neste terça, o rublo recuperava boa parte das perdas da véspera, mas ainda acumulava queda de quase 30% em relação aos seus melhores níveis no ano.

Veja abaixo as principais medidas econômicas tomadas pela Rússia até o momento para tentar se proteger das sanções:

Na segunda-feira (28), o Banco Central da Rússia elevou sua taxa básica de juros em 10,5 pontos percentuais, a 20%
A partir de terça-feira (1), os residentes na Rússia estão proibidos de transferir dinheiro para o exterior
Exportadores passam a ser obrigados a converter em rublos 80% de sua receita em moeda estrangeira obtida desde 1º de janeiro
A Rússia impôs restrições temporárias a investidores estrangeiros, que não podem vender ativos e participações e retirar o dinheiro do país
O BC russo retomou a compra de ouro no mercado doméstico
Todas essas medidas buscam, de diferentes maneiras, conter a desvalorização do rublo e proteger o sistema financeiro russo do colapso.

Além dessas medidas, as bolsas de valores da Rússia estão fechadas desde a segunda-feira, quando o principal índice fechou em queda de mais de 30%.

Reação russa
TV russa exibiu imagens de uma reunião entre Putin, o primeiro-ministro Mikhail Mishustin, o ministro das Finanças Anton Siluanov, a presidente do banco central russo, Elvira Nabiullina, e o diretor-geral do maior banco do país, Sberbank, para responder às sanções, de acordo com a France Presse.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, reconheceu um pouco antes que as sanções das potências ocidentais eram “duras” e representavam um “problema”, mas que a Rússia tinha “todo o potencial necessário para compensar os danos”. O Kremlin não anunciou nenhuma medida adicional em reação às sanções.

“As medidas tomadas reduzem a volatilidade”, disse à AFP Alexei Vedev, analista do instituto econômico Gaïdar. “A incerteza é enorme e o banco central está agindo com razão”, acrescentou.

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“É uma crise verdadeira e são necessários especialistas verdadeiros em crises. Deve-se mudar absolutamente de política econômica e pôr fim a todo esse capitalismo de Estado”, publicou no aplicativo de mensagens Telegram Oleg Deripaska, multimilionário criador da gigante do alumínio Rusal. Ele disse esperar do governo “esclarecimentos e comentários claros sobre a política econômica para os próximos três meses”.

Para Serguei Khestanov, assessor macroeconômico da Open Broker, a Rússia ainda tem espaço. “Enquanto não houver sanções reais às exportações russas, especialmente petróleo e gás, não haverá catástrofe”, indicou, embora “as pessoas, é claro, vão sentir” os efeitos.

Preocupados, alguns russos preferiram retirar suas economias do banco. Esse foi o caso de Svetlana Paramonova, 58, que deseja sacar todo o seu dinheiro “para guardá-lo em casa. É mais seguro, uma vez que já não entendemos mais o que acontece.”

Fonte: globo.com

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