Após interromper, por problemas técnicos, a votação para a escolha de seu candidato a presidente nas eleições de 2022, o PSDB adiou a definição sobre a retomada do processo para amanhã (22) à tarde, anunciou na noite de hoje (21) o presidente da legenda, Bruno Araújo. Disputam a candidatura os governadores de São Paulo, João Doria, e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite; e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio.

A votação foi paralisada devido a problemas no aplicativo de votação usado pelos filiados, e as declarações de Araújo indicam que não há uma solução concreta à vista no momento. Segundo o presidente do PSDB, representantes das campanhas farão uma reunião amanhã no começo da tarde para definir um “parecer técnico” que dirá em quanto tempo os problemas no app poderão ser resolvidos.

Questionado por jornalistas em Brasília sobre um prazo final para a conclusão das prévias, Araújo disse que “o prazo limite depende da questão técnica”.

Em entrevista à CNN Brasil, o presidente do PSDB deixou claro que a demora na conclusão das prévias afeta o andamento da construção de uma candidatura presidencial de centro para as eleições de 2022.

“O conjunto técnico dos candidatos faz uma avaliação amanhã sobre como dar uma solução segura de restabelecer esse processo de votação para que a gente possa concluir o processo de prévias e começar a dialogar não só nas questões internas, que obviamente levam a uma fricção por conta das eleições, e começar a construir o processo de diálogo nos partidos do campo do centro”, disse Araújo.

Doria e Leite divergem sobre retomada
Antes das declarações de Araújo, diante da indefinição sobre a retomada do processo, os postulantes apresentaram propostas diferentes. Doria e Arthur Virgílio querem que a votação seja retomada no próximo domingo (28), quando seria realizado o segundo turno. Já Eduardo Leite gostaria da ampliação da votação por app por mais 48h.

“Tanto Doria quanto Arthur Virgílio defendem a data do dia 28 de novembro, próximo domingo, para que o processo de prévias se encerre de forma rápida, eficiente e justa”, dizem os candidatos, por meio de nota conjunta em que criticaram a “fragilidade do aplicativo e os problemas de instabilidade e insegurança que o modelo proposto poderia trazer para as primárias.”

A campanha de Eduardo Leite divulgou nota em que diz que “aceita mais 48 horas de votação, desde que garantida a capacidade técnica para votação de todos os cadastrados que assim desejarem.”

“Com mais do que isso as prévias perderiam sua integralidade, seja pelo prazo, seja pelo número de votantes, seja pela incapacidade técnica do aplicativo, seja pela agressão ao ato normativo eleitoral ou seja pelas denúncias de irregularidades de todo o tipo, que se avolumaram no dia de hoje e que poderiam ensejar judicializações e sindicâncias indesejadas”, diz o comunicado.

Questionado sobre as propostas dos candidatos, o presidente do PSDB, Bruno Araújo, afirmou que a necessidade de viabilidade técnica da votação é “maior que a vontade” de Doria e Leite de retomar o processo nos prazos sugeridos.

Menos de 10% dos inscritos votaram
Segundo nota divulgada pelo PSDB, os votos já registrados ficarão armazenados. Estima-se que menos de 10% dos quase 45 mil votantes inscritos conseguiram efetuar o voto hoje.

“O processo de votação em aplicativo encontra-se pausado em razão de questões de infraestrutura técnica, que não comportou a demanda dos votantes das prévias”, diz nota do PSDB. “Os votos recebidos tanto pelo aplicativo quanto por meio das urnas eletrônicas ao longo deste domingo serão totalizados ao final do processo de votação.”

Desde o início da votação, nesta manhã, tucanos de todo o país relataram dificuldade para acessar a ferramenta via reconhecimento facial e registrar seus votos. De acordo com o diretório paulista, o app chegou a ficar 4h fora do ar durante a manhã.

O aplicativo foi desenvolvido exclusivamente para a votação das prévias à presidência da República para que filiados de todo o país pudessem votar. Inicialmente, a votação online seria das 7h às 15h, mas foi estendida até às 18h por causa da instabilidade.

Os problemas na ferramenta desagradaram em especial o diretório de São Paulo. O tema é caro a Doria porque São Paulo representa 62% dos cadastrados, e o grupo de filiados sem mandato é o seu principal trunfo no pleito.

Além da votação por app, também houve votação presencial, na Convenção do partido no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. Os candidatos se reuniram e, junto a lideranças e mandatários do partido, votaram por urna eletrônica.

A votação presencial não teve problemas e as urnas já foram remetidas à sede do partido para apuração.

Desenvolvedora diz que investiga falhas
Por meio de nota, a Faurgs (Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul), desenvolvedora do aplicativo, negou que a razão para o problema no reconhecimento facial tenha sido por falta de compra de licenças, como chegou a ser especulado, e disse que está investigando “todas as possíveis causas da instabilidade”.

“Assim que houver total comprovação, o detalhamento desse ocorrido será levado a público”, afirmou a fundação.

Fonte: Folhapress

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