Profissionais da música fazem protesto contra decreto que impõe a Lei Seca

No final da manhã e começo da tarde desta quarta-feira (21), na avenida Frei Serafim, em Teresina, vários artistas, músicos, produtores, técnicos de som, dançarinos, coreógrafos, entre outros profissionais da ‘noite’, fizeram um agitado protesto contra uma medida polêmica do Governo do Estado divulgada nesta segunda-feira (19), e que será transformada em decreto assinado pelo governador Wellington Dias, estabelecendo novamente uma lei seca que deverá vigorar nos finais de semana, começando por essa sexta (23), sábado (24) e domingo (25) em todo o Estado. O decreto afetará diretamente os artistas, músicos e demais profissionais que sobrevivem, na grande maioria, dessa fonte de renda, já bastante prejudicada. Eles foram os primeiros a parar totalmente, desde o início da pandemia por Covid-19, em março passado.

O protesto está tendo o apoio de vários representantes de eventos ligados à arte, cultura e lazer, como atores, produtores, diretores teatrais, além de empresários donos de bares, restaurantes e casas de shows, também afetados. O ator de teatro e cinema, produtor, diretor e coordenador de eventos, Francisco Pellé, participou do ato e afirmou discordar da forma abrangente do novo decreto.

 “O governador torna pública essa lei seca, que passa a vigorar na mesma semana de sua publicação, sem dar tempo de cancelamento de agendas, afetando diretamente os trabalhadores da cultura noturna e pegando a todos de surpresa, após o governo ouvir somente o COE (Comitê de Operações Especiais de combate ao Covid-19). O protesto é válido, pois esse setor econômico, que passou a ser liberado para funcionar recentemente, dava os primeiros passos para se reerguer e agora, com essa medida, é um passo atrás para esses trabalhadores, os mais prejudicados com a pandemia, pois desde março teve uma paralisação de 100 por cento de suas atividades e acumula prejuízos de diversas ordens, sem precedentes. Além disso, são atividades que funcionam, na maioria em finais de semana, ou seja, não poderão funcionar com o decreto”, disse Pellé, candidato a vereador de Teresina.

Pellé afirmou que, embora a lei seca tenha como justificativa conter a disseminação do novo coronavírus, essa é uma decisão controversa, pois os índices de contaminação e de óbitos na capital do Estado apontam uma curva de queda dia após dia. Os protestos pediam o cancelamento imediato do decreto. Já Pellé considera que o mesmo poderia ser aplicado de forma setorizada em regiões do Estado e após discussão prévia com a categoria que sobrevive da ‘noite’.

“O setor já está bastante enfraquecido, o acúmulo de perdas e desemprego é alarmante e muitas agendas já estavam marcadas para os próximos dias, então essa decisão do Governo joga um balde nesse setor da economia. Acredito que os protocolos estão sendo cumpridos na grande maioria das casas de shows, bares e outros, assim como vem acontecendo nos shoppings, no centro comercial e outros que não estão sendo mais prejudicados pela pandemia”, disse Pellé.

Auxílio
Francisco Pellé afirmou ainda que a Lei Aldir Blanc, que deverá beneficiar cerca de quatro mil profissionais da cultura no Piauí com parcelas de R$ 600,00, por enquanto, tem se mostrado lenta e burocrática, atingindo negativamente novamente os profissionais que sobrevivem da cultura noturna. “Muitos relatos de impossibilidade de ser aprovado o cadastro pelo sistema (Sicac), que depois ainda passa por um cruzamento de dados, e com isso nenhuma parcela para muitos teve um sinal verde. Então, essa medida do Governo de paralisar os eventos noturnos em finais de semana é insustentável, tendo em vista que sem renda esses trabalhadores não têm mais de onde recorrer para se sustentarem”.

Fonte: ASCOM
Foto: Divulgação

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