Mulheres com lúpus precisam de cuidados especiais na gestação, explica reumatologista

Engravidar pode ser o sonho de muitas mulheres, mas nem sempre é fácil, principalmente para as que possuem doenças autoimunes como lúpus. Na gestação, além de aumentar a incidência de aborto, a doença pode ser transferida, de forma temporária, para o bebê. Em casos mais raros, também pode causar problemas no coração do recém-nascido. Mas, se controlada e com acompanhamento adequado, não causará danos à gravidez e à criança.

O lúpus é uma doença inflamatória, crônica e pode afetar vários órgãos. Mas nem sempre o seu diagnóstico é simples, pois a doença pode se apresentar de várias formas e ser confundida com outros problemas.

“Os sintomas são diversos, tornando o lúpus uma doença polimórfica, quando pode se manifestar de forma leve, moderada ou grave. Os sintomas mais comuns costumam ser febre, queda de cabelo, lesões na pele e dores articulares. Em sua versão mais comum, o diagnóstico é mais assertivo”, pontua a reumatologista da Med Imagem, Liana Nara Moreira (CRM 6166-PI).

A médica explica que para identificar a doença exames físicos e laboratoriais são necessários e com tratamento adequado é possível ter uma vida normal.

“A presença de ‘autoanticorpos’, anticorpo produzido pelo próprio sistema imune que atua contra a estrutura das células do corpo, é uma das formas de confirmar o diagnóstico de lúpus. Mas, é preciso avaliar todos os sintomas e exames. O tratamento é feito, principalmente, com uso de remédios, mas o paciente também deve evitar a luz solar e usar protetor, realizar atividade física, manter alimentação saudável e evitar tabagismo”, reforça Liana.

O lúpus é mais predominante em mulheres em idade fértil, entre 20 e 40 anos. É o caso da publicitária Fabrize Lima, de 30 anos, que descobriu o diagnóstico há sete anos. “Eu sentia muitas dores nas articulações, mas o sintoma que me levou ao diagnóstico foi uma mancha no rosto”, descreve Fabrize.

A publicitária relata que convive normalmente com a doença, mas que afeta seu lado emocional.

“A questão emocional pesa muito, por se tratar de uma doença que não tem cura e que pode evoluir e gerar mais problemas. Mas eu procuro ser otimista, levar uma vida saudável e não descuidar do tratamento. Tenho uma vida normal, a única limitação no momento é sobre gestação, pois desenvolvi recentemente uma síndrome que pode gerar complicações na gravidez. Mas, já estou em tratamento”, pontua Fabrize.

Cuidados na gravidez
A reumatologista da Med Imagem esclarece que o lúpus torna a gestação de alto risco, por isso recomenda que o acompanhamento seja especializado nessa fase.

“Apesar de não afetar a fertilidade, toda gravidez de alguém com lúpus precisa de cuidados mais rígidos, tanto do obstetra quanto do reumatologista, para que a doença fique controlada. Se ativada, pode levar a abortos, eclâmpsia, partos prematuros, transferência transitória dos autoanticorpos da mãe para o bebê, com melhora ao longo de 6 a 8 meses. E, de forma mais grave e rara, provocar bloqueio cardíaco congênito, tornando as batidas do coração mais lentas, sendo potencialmente fatal”, relata Liana Nara.

A médica ressalta que é possível minimizar todos esses riscos.

“Seguindo todas as recomendações médicas, com pré-natal adequado e planejado é possível que mulheres com lúpus engravidem de forma segura e saudável”, frisa a reumatologista.

Fonte: Ascom
Foto: Reprodução

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