Moro deixa governo Bolsonaro

Acabou o suspense em torno do posicionamento do ministro Sérgio Moro. A última novela do Governo Bolsonaro durou apenas 24h.

O experiente Moro não permitiu que sua cabeça permanecesse sob a guilhotina da caneta de Bolsonaro. Às 11h, o ex-juiz da Lava Jato que abriu mão de uma carreira de mais de duas décadas na magistratura para ser ministro da Justiça, em entrevista coletiva, anunciou seu pedido de demissão.

Contundente, Moro abre o jogo

Moro foi contundente logo no início, expondo as condições que aceitou o cargo. Visivelmente emocionado, moro lembrou que a única condição era um pedido de conhecimento de Bolsonaro e Heleno que, se algo acontecesse com o próprio Moro no cargo, sua família tivesse acesso a uma pensão.

O ex-juiz ainda afirmou que foi prometida a ele “carta branca”. Fez um balanço da atuação do Ministério da Justiça e Segurança pública nas áreas de combate à corrupção, ao tráfego de drogas e o atendimento às emergências de segurança pública.

Em um momento, citou o caso Coafi e disse que não pediu que o órgão fosse para o Ministério, e que logo após foi retirado. Falou do Projeto Anticrime e as alterações sofridas.

Balanço à frente do carto

Segundo o ministro, em 2019, houve uma queda expressiva na violência pública. “Mais de 10.000 brasileiros deixaram de ser assassinados”. E concluiu, “neste primeiro ano tivemos resultados tão positivos na queda da violência, que era uma ânsia do povo brasileiro”.

Sobre Bolsonaro, foro afirmou que teve apoio do presidente “em alguns projetos, outros nem tanto”. Relembrou a disposição do presidente da República em trocar o superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro, “sem motivação”. Moro continuou: “não é meu papel indicar superintendentes”.

“Quando se começa a preencher cargos técnicos com indicação política partidária isso não é bom”. Moro revelou que Bolsonaro pediu a troca do diretor-geral da PF ao que o ministro teria respondido não haver problema se for demonstrada uma motivação justa. “Não é a questão do nome, tem outros bons nomes para assumir o cargo de diretor da Polícia Federal”. Moro diz que não haveria razão para a troca e isso demonstraria uma interferência na instituição. Relembrou que nem na Lava Jato houve a troca do diretor-geral. “O problema que o presidente disse que não seria apenas a troca do diretor-geral, mas a troca de vários superintendentes sem uma razão para a troca”.

Interferência política de Bolsonaro

Moro afirma que Bolsonaro disse a ele que a troca do superintendente “seria mesmo uma interferência política”.

Segundo o relato de Sérgio Moro, ele sinalizou várias vezes por uma solução técnica, demonstrando aceitar a saída de Valeixo, até ontem o diretor-geral. Segundo Moro, “sem resposta”. O ministro disse que Bolsonaro revelou que queria uma pessoa próxima a ele, para que o próprio tivesse contato, informações e acesso a relatórios de investigação da Polícia Federal. “Ele pode confirmar ou não essas questões, mas me disse expressamente”.

O Ministro revelou que Bolsonaro tem interesse em processos no Supremo Federal que passam pela Polícia Federal. “Entendi que não podia deixar de lado meu compromisso com o Estado de Direito”, disse Moro.

Sobre a exoneração de Valeixo, Sérgio Moro revelou não ter tido conhecido, e disse que “foi surpreendido, achei que isso foi ofensivo”, “de fato a exoneração a pedido não foi verdadeiro”. Moro desabafou e disse achar que Bolsonaro não o quer no cargo. “Não tinha como aceitar essa substituição”,

Moro finalizou dizendo: “vou encaminhar minha carta de demissão”.

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