O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou nesta terça-feira (9.jan.2023) a omissão das Forças Armadas perante os acampamentos de bolsonaristas e extremistas radicais em frente a quartéis em todo o país. O chefe do Executivo também acusou a Polícia Militar do Distrito Federal e a Polícia do Exército, que atua na guarda presidencial, de terem sido negligentes ao não impedir a depredação das sedes dos Três Poderes no domingo (8).

“As pessoas estão livremente reivindicando golpe na frente dos quartéis. Nenhum general se moveu para dizer: ‘não pode acontecer isso, é proibido pedir isso, não vamos fazer isso’. Dava impressão de que tinha gente que gostava quando o povo estava clamando golpe. Lá [em São Paulo] tinha barraca, almoço, churrasco, banheiro químico, como aqui em Brasília”, disse.

Para Lula, a escalada da violência de bolsonaristas radicais se deu porque eles não têm uma pauta de reivindicações e defendem apenas um golpe de Estado. Por isso, seria difícil negociar com os grupos. O presidente afirmou que a depredação das sedes dos Três Poderes no domingo “já estava prevista”.

Lula discursou em reunião realizada no Palácio do Planalto com a presença de governadores e representantes dos 26 Estados e do Distrito Federal, além dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, e do presidente interino do Senado, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB).

O encontro foi marcado no domingo e serviu como um ato em defesa da democracia e demonstração de união de todas as instâncias de poder do país.

Em sua fala, o presidente disse ainda que policiais que atuaram na Esplanada dos Ministérios foram negligentes e não fizeram nada para impedir o avanço dos extremistas.

“A polícia de Brasília negligenciou. A inteligência de Brasília negligenciou. É fácil a gente ver nas invasões os policiais conversando com os agressores. Já no dia 12, na minha diplomação, o quebra-quebra que teve em Brasília, a PM acompanhava as pessoas tocando fogo em ônibus e nada foi feito. Havia conivência explicita da policia apoiando os manifestantes”, disse.

Segundo Lula, a Polícia do Exército, responsável pela segurança do Palácio do Planalto e do presidente, também errou ao tratar as pessoas que invadiam os prédios públicos como “aliados”.

Ele disse ainda que a decisão de decretar intervenção federal na segurança pública com Distrito Federal foi tomada porque o então secretário de segurança, Anderson Torres, “estava muito sob suspeita há muito tempo”.

Torres acabou demitido pelo agora governador afastado, Ibaneis Rocha (MDB), ainda na tarde de domingo. Ele está nos Estados Unidos, para onde viajou com a família para passar férias. Torres foi também ministro da Justiça do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Foi feita intervenção, o vice do Ministério da Justiça assumiu, fomos à secretaria e começamos a colocar ordem na casa. Graças a Deus, conseguimos hoje de manhã, da forma mais tranquila, saber que as pessoas foram retiradas [dos acampamentos]”, disse.

Lula prometeu que as investigações continuarão pelos próximos dias para identificar quem são os mandantes e financiadores dos atos que defendem golpe.

“Vocês sabem, eu sou especialista em acampamento, em greve, especialista em um monte de coisa. Não é possível um movimento durar o tempo que eles duraram nas portas dos QGs sem financiamento. Se não tivessem garantido o pão, o almoço, o café o jantar. Em nome da democracia, não seremos autoritários com ninguém, mas não seremos mornos com ninguém. Vamos investigar e chegar a quem financiou. E vamos descobrir”, disse.

Fonte: Poder360
Foto: Divulgação

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