Dia de Santo Agostinho: por que ele é considerado um santo sem milagres?

O dia 28 de agosto é celebrado como o Dia de Santo Agostinho. Popular a ponto de batizar diversos bairros, ruas, avenidas e escolas no Brasil, o religioso tem grande peso dentro e fora do catolicismo. Por mais que, para outras denominações do cristianismo Agostinho não tenha status de santo, uma coisa é inegável: a importância do religioso como teólogo e fundamentador de bases teológicas.

Santo Agostinho é um dos santos com vida mais “antiga”. Enquanto nomes como Santo Antônio e Santa Rita de Cássia viveram a partir do século XII, Agostinho viveu entre os séculos IV e V — mais próximo de São Bento, que teria nascido por volta do ano 480 d.C..

Como todo santo antigo, é inevitável o questionamento: será que, de fato, ele realmente existiu? A controvérsia resiste até hoje com santos populares no cristianismo como São Jorge. No caso de Santo Agostinho, no entanto, não há dúvidas.

“Santo Agostinho nunca teve a existência questionada. Há diversos testemunhos, notas de outros bispos e outros santos que utilizaram suas obras como fonte. Ele tem diversas obras publicadas que chegaram até nós. Sabemos o lugar do nascimento e falecimento, conhecemos um pouco da biografia, pois há um livro chamado ‘Confissões’ em que relata a vida e o processo de conversão”, afirma Dayvid da Silva, professor e coordenador do curso de Teologia da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo.

A história, então, revela que Agostinho teria nascido em Tagaste, atual Souk Ahras, na Argélia, no ano 354. Era filho da futura Santa Mônica e de um pagão que se converteu no leito de morte. A morte de Santo Agostinho teria ocorrido em 28 de agosto na cidade de Hipona — atual Annaba —, também na Argélia.

Daí vêm duas coisas: a data litúrgica do santo e o nome “Agostinho de Hipona”, pelo qual foi conhecido.

“Ele cresceu em um lar misto, mas com influência do pai, que era um homem honesto, mas não religioso, e em um modelo de educação que primou muito mais pela formação intelectual do que para se tornar um religioso”, pontua Felipe Cosme Damião Sobrinho, padre e professor na faculdade de teologia da PUC-SP.

Conversão tardia
A formação intelectual seria o destaque da vida do futuro santo. Agostinho estudou retórica, se tornou professor e adotou um estilo de vida hedonista. A conversão ao cristianismo só aconteceria mais tarde, por volta do ano 386.

“A conversão de Santo Agostinho foi em um momento de crise existencial e um processo que levou anos. Ele tinha um ímpeto de buscar o sentido da vida, e, nessa busca, ele não havia encontrado até então. Buscou de forma hedonista, mas não conseguiu”, aponta Sobrinho.

De acordo com a história, a mãe de Agostinho, Santa Mônica, pedia incessantemente a Deus pela conversão do filho. A festa dos dois santos está profundamente ligada. A data litúrgica de Santa Mônica é 27 de agosto, um dia antes da festa de Santo Agostinho.

Milagres x conhecimento
Após a conversão, Agostinho foi ordenado bispo em Hipona. E, a partir daí, iniciou um ministério com muitos sermões. Surgia, aí, um dos principais pensadores do cristianismo.

“Ele não ficou conhecido pelos milagres, mas sim pelo seu pensamento”, diz o professor Felipe Sobrinho. “Ele é conhecido também entre os protestantes, que estudaram Agostinho na Idade Média, é santo na igreja anglicana. Há um respeito intelectual.”

A relevância teológica é o motivo pelo qual Santo Agostinho tem apelo popular, de acordo com os especialistas.

“O pensamento é extremamente estudado, seja na faculdade de Teologia, mas também em Filosofia, Psicologia… Ele é estudado em diversos aspectos. É o tipo de autor que não está represado no universo teológico. Antes de ser teólogo ele foi filósofo, retórico. Ele tem grandes contribuições para a filosofia. Mas, claro, na teologia, ele é o grande doutor, tanto que tem o título de Doutor da Igreja”, analisa Silva.

Se destacam duas obras de autoria do santo: “Confissões”, livro autobiográfico redigido por volta do ano 400, e “A Cidade de Deus”, publicada mais próxima da morte do religioso.

Oração a Santo Agostinho
Confira uma oração a Santo Agostinho:

“Ó excelso doutor da graça, Santo Agostinho.

Tu que contaste as maravilhas do amor misericordioso operado em tua alma, ajuda-nos a confiar sempre e unicamente na ajuda divina.

Ajuda-nos, ó grande Santo Agostinho, a encontrar a Deus “eterna verdade. Verdadeira caridade, desejada eternidade”.

Ensina-nos a crer e viver na graça, superando nossos erros e angústias.

Acompanha-nos à vida eterna, para amar e louvar incessantemente ao Senhor.

Amém.”

Fonte: Folhapress

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