O presidente Jair Bolsonaro participa da solenidade de consolidação do marco regulatório trabalhista infralegal, no Palácio do Planalto

Bolsonaro se reúne com Valdemar Costa Neto e acerta filiação ao PL

O PL (Partido Liberal) confirmou nesta quarta-feira (10) a filiação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O governante bateu o martelo depois de um almoço com o chefe da sigla, Valdemar Costa Neto, na tarde desta quarta-feira, no Palácio do Planalto, em Brasília. A assinatura da ficha de filiação foi marcada para 22 de novembro, num “evento político” que será organizado pelo PL na capital federal.

Bolsonaro está sem partido desde novembro de 2019, quando se desvinculou do PSL, legenda pela qual foi eleito chefe do Executivo federal. Desde então, o presidente negociou com partidos de centro-direita, como Republicanos, Patriota e Progressistas. Nas últimas semanas, o diálogo com o PL avançou a partir do contato direto entre Bolsonaro e Costa Neto.

O desfecho, no entanto, dependia da disposição do partido para ceder ao grupo político de Bolsonaro indicações de candidatos em São Paulo no ano que vem (governo do Estado e Legislativo federal).

Durante o almoço de hoje, as pendências foram sanadas, e Bolsonaro então “bateu o martelo”, segundo relatos de interlocutores próximos ao governante.

Um deputado do PL afirmou hoje ao UOL que o acordo foi “bom para os dois lados”. Para Bolsonaro, porque proporciona ambiente favorável à construção de uma ampla aliança com o Centrão, com foco na reeleição; e para o próprio partido, que receberá o presidente da República e dezenas de parlamentares fiéis ao seu ideário.

Segundo o vice-líder do PL na Câmara, o deputado federal Lincoln Portela (MG), o partido vota em 93% com o presidente da República na Casa. “Esperamos que o PL possa dar uma contribuição ao Brasil no sentido de buscar as reformas necessárias no parlamento”, disse. O congressista disse ainda que o partido espera receber o grupo político de Bolsonaro. Atualmente, os três filhos do presidente estão em partidos distintos: Carlos é vereador no Rio de Janeiro pelo Republicanos; Flávio é senador pelo Patriota; e Eduardo é deputado pelo PSL.

Opositores de Bolsonaro atribuíram a aliança do presidente com o PL a uma suposta dificuldade do presidente em encontrar um partido pelo qual poderia concorrer às eleições do ano que vem. “O PL é fisiologista por natureza. Mas até Valdemar da Costa Neto —que antes esteve com Lula— deve que tomar cuidado para não ter a tapeado por Bolsonaro”, disse uma congressista ao UOL.

Outros partidos
Desde que deixou o PSL, em 2019, após desentendimentos com a cúpula da sigla, Bolsonaro tentou criar o Aliança Pelo Brasil, mas o projeto acabou não saindo do papel. Bolsonaro também chegou a discutir seu retorno ao Progressistas (PP), partido do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, pelo qual Bolsonaro foi deputado de 2005 a 2016.

Além do PSL e do PP, Bolsonaro já foi filiado a outros cinco partidos: PDC (Partido Democrata Cristão), PPR (Partido Progressista Reformador), PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), PFL (Partido da Frente Liberal, atual DEM) e PSC (Partido Social Cristão).

Valdemar Costa Neto
Ex-deputado condenado no escândalo do mensalão, o líder do PL foi criticado mais de uma vez pelo próprio Bolsonaro e por seus filhos no passado. Em 2018, quando negociava quem seria seu vice, criticou o cacique liberal. “O Valdemar Costa Neto já foi condenado no Mensalão, está citado, citado não, está bastante avançada a citação dele no tocante à Lava Jato.”

Além da condenação a 7 anos e 10 meses no escândalo do Mensalão (por corrupção passiva e lavagem de dinheiro), Costa Neto foi citado na Operação Porto Seguro, em 2013, que investigou esquema de fraudes em pareceres técnicos, e na Lava Jato, por suspeita de receber R$ 500 mil para manter esquema da construtora UTC com o Ministério dos Transportes.

Na segunda-feira, Carlos Bolsonaro apagou um post em seu perfil no Twitter de 2016. Na publicação, o vereador compartilhava reportagem sobre pagamentos de propinas a Casta Neto e ao Partido da República (antigo nome do PL).

Partido Liberal
O atual PL é fruto da fusão do PR (Partido da República) com o antigo PL e o Prona (Partido de Reedificação da Ordem Nacional). A junção das legendas ocorreu em 2006 (naquele ano, o PL foi o partido com maior número de parlamentares com recomendação de cassação de mandato pela CPI dos Sanguessugas).

Com a junção dos partidos, sua direção optou por manter o nome de Partido da República. A volta para PL foi possível em 2019, quando o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) permitiu a mudança.

Atualmente, o PL é o partido com a terceira maior bancada na Câmara dos Deputados (atrás do PSL e do PT) e um dos principais integrantes do centrão. A expectativa de caciques do partido é que ele se torne, após as eleições do ano que vem, a maior bancada na Casa.

Fonte: Folhapress

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