Bolsonaro gastou R$ 27 mi no cartão corporativo, mas menos que Lula

No período em que esteve na Presidência da República, de janeiro de 2019 ao final de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) gastou R$27.621.657,23 em 4 anos no CPFG (Cartão de Pagamento do Governo Federal), o popular cartão corporativo. Quando corrigido pela inflação, o total vai a R$ 32.659.369,02.

O valor é menor que os que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) gastou em cada um de seus 2 mandatos. Também fica abaixo do gasto pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em seu 1º mandato.

Os números foram disponibilizados pela Secretaria Geral da Presidência da República depois de pedido de LAI (Lei de Acesso à Informação) da Fiquem Sabendo, agência de dados especializada no acesso a informações públicas. Eis a íntegra (5,3 MB). As informações também foram hospedadas no site do governo.

Confira os gastos de todos os presidentes com o cartão corporativo desde o 1º mandato de Lula, corrigidos pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) anual:

Lula 1 – R$59.075.679,77
Lula 2 – R$47.943.615,34
Dilma 1 – R$42.359.819,13
Dilma 2 – R$10.212.647,25
Temer – R$15.270.257,50
Bolsonaro – R$32.659.369,02
Bolsonaro
Há registro de ao menos 21 CPFs (Certidões de Pessoas Físicas) diferentes tendo feito gastos no cartão de Bolsonaro durante o mandato. A 1ª despesa foi realizada em 4 de janeiro de 2019 –uma compra de R$ 303,78 em uma rede de supermercados em Brasília. A última, em 4 de dezembro de 2022, curiosamente, também foi feita no mesmo estabelecimento, ao custo de R$ 54,66.

No caso do ex-presidente, o uso do cartão predominou em gastos com hospedagem, que concentraram 49,5% do total. Nove das 10 maiores despesas do cartão foram feitas em hotéis do Guarujá, onde Bolsonaro costumou frequentar e tirar foto com apoiadores em períodos de descanso. Em um dos estabelecimentos, o ex-presidente gastou valores próximos a R$ 1,5 milhão.

Na sequência, gastos tipificados em gêneros de alimentação concentram quase ⅕ (19,9%) das despesas de Bolsonaro. Em uma viagem que fez a Roraima, em 26 de outubro de 2021, há registro de um pagamento de R$ 109.266,00 em um restaurante de Boa Vista especializado em marmitas e frangos assados.

Há ainda gastos de R$ 714.248,41 em postos de gasolina, R$ 31.440 em excesso de bagagem e R$ 1.809,94 em um pet shop entre fevereiro e abril de 2022. Esses valores não estão reajustados pela inflação.

Hospedagem lidera
O uso do cartão para gastos com alojamento foram os mais comuns na fatura dos cartões corporativos presidenciais de 2003 até aqui –com exceção do 1º mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de 2003 a 2006, quando aluguéis de transporte representaram 47,8% do total.

No ranking de 10 maiores gastos do cartão nos últimos 20 anos, 6 são de Bolsonaro, 1 é de Lula (2008), 2 são da ex-presidente Dilma Rousseff (ambas em 2014, no final de seu 1º mandato) e outra é do ex-presidente Michel Temer, em 2016. Todos são referentes a despesas de hospedagem.

Cartão corporativo
O CPGF foi criado em decreto por Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 2001. Segundo o Portal da Transparência, o cartão corporativo é previsto para:

atender a despesas de pequeno vulto (aquelas que não ultrapassem o limite estabelecido na Portaria MF nº 95/2002);
atender a despesas eventuais, como viagens e serviços especiais, que exijam pronto pagamento;
executar gastos em caráter sigiloso.

Fonte: Poder360
Foto: reprodução

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